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O principal componente do pêlo dos mamíferos, a queratina dura, apareceu antes do que se pensava, segundo um estudo publicado na segunda-feira (10) pela revista "Proceedings of the National Academy of Sciences".
Uma das inovações mais vantajosas trazidas pelos mamíferos foi o pêlo, que além de proteger a integridade da pele, serve para manter a temperatura corporal. Como o pêlo é um traço próprio dos mamíferos, os cientistas situavam sua origem após a separação da linhagem dos terapsídeos --de onde procedem os mamíferos-- da dos sauropsídeos --ao qual pertencem répteis e aves--, evento que deve ter acontecido entre 310 milhões e 330 milhões de anos atrás.
O estudo, realizado na Universidade Médica de Viena em colaboração com as universidades italianas de Pádua e Bolonha, sugere que as proteínas que compõem majoritariamente o pêlo, as queratinas duras (ou alfa-queratinas), têm uma origem anterior, em um ancestral comum dos répteis e mamíferos modernos.
Daniel Maurer/AP
Pesquisa sugere que proteínas do pêlo (queratina dura) têm origem anterior, em um ancestral comum dos répteis e mamíferos modernos
Os pesquisadores buscaram no frango e no lagarto Anolis carolinensis genes similares aos das queratinas duras em mamíferos --e, para sua surpresa, encontraram: o genoma do frango tem um, e o do lagarto, seis.
Função
Naturalmente, nestes animais as queratinas duras não fabricam pêlo. No lagarto, por exemplo, os cientistas descobriram que esses genes se expressam na pele, principalmente nas patas, onde servem para formar as garras.
"Estes componentes apareceram quando se formaram as primeiras garras", sugere Leopold Eckhart, principal autor do estudo. "Depois foram usados para formar escamas duras, a partir das quais evoluiu o pêlo."
"É possível que o primeiro pêlo tivesse um papel sensorial, como o dos bigodes", prossegue Eckhart. "Não acho que a primeira função do pêlo fosse o isolamento térmico, já que isso requer um pêlo relativamente denso", acrescentou.
A evolução do pêlo teve de passar por formas de pêlo intermediárias que inicialmente não deveriam servir para isolar o animal, explica o pesquisador. Essa propriedade deve ter aparecido mais tarde, segundo Eckhart, o que permitiu a evolução para os animais de sangue quente.
Ainda não foi encontrada nenhuma evidência paleontológica dessa mudança, um fóssil que mostre como essa transição aconteceu.
No entanto, os pesquisadores concluem que ter encontrado queratina dura na pele do lagarto Anolis carolinensis deixa aberta a possibilidade de seus ancestrais também a terem fabricado e, portanto, que essa forma intermediária realmente existiu.

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