Tudo de bom

A mais completa exposição de um gênio do Renascentismo ganha as galerias do Museu de Luxemburgo, em Paris. O italiano Giuseppe Arcimboldo retratou imperadores e o povo de uma maneira muito original.
Muitos dos ingredientes usados nos quadros de Arcimboldo não existem no Brasil até hoje.
Outros eram novidade na Europa, no século XVI, quando Giuseppe Arcimboldo pintou rostos de composição. A América tinha sido descoberta há poucas décadas, e o milho, entre outros tantos vegetais, recém introduzido na Europa. Arcimboldo fez os primeiros retratos do homem globalizado.
Italiano, educado no Renascentismo, ele foi contratado pelo poderoso imperador da Áustria e fez retratos convencionais, ilustrações... Mas dedicava boa parte do tempo ao estudo da natureza. Estudava as novas espécies chegadas de além mar.
A curadora da exposição conta que o imperador mandou Arcimboldo pro zoológico e para o jardim botânico para pintar as novas espécies de animais e plantas que chegavam, até do Brasil.
O naturalismo era um movimento novo, que inspirava muitos artistas. Por isso, quando Arcimboldo apresentou suas célebres séries, não depreciava os homens. As quatro estações: verão, outono, inverno e primavera homenageavam o imperador Miximiliam e a dinastia dos Habsburgo, que persistia no ciclo dos tempos.
Os quatro elementos: uma face feita com os seres da água: peixes, conchas, corais e pérolas. A terra – juntos aos bichos comuns na Europa, os exóticos africanos. Ar – o colorido de pássaros tropicais junto com os do terreiro. E fogo – o poderio bélico do império austríaco.
O próprio imperador, um homem vegetal. O bibliotecário, homem livro. Uma família de gente-lobo. A técnica apurada criou ilusões. Uma cesta de frutas, refletida no espelho... É um retrato. As cabeças reversíveis, encontradas até num prato de carne assada.
"Ele era realmente um homem do seu tempo, um homem muito talentoso e era conhecido por ser inteligente, intelectualizado, muito relacionado com cientistas. Ele era chamado de o Leonardo da Vinci dos Habsburgo. Era um artista multi-talentoso", diz a curadora.
E quase meio milênio depois, continua fascinando o público com uma criatividade que ainda parece à frente dos nossos tempos.

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